terça-feira, 12 de abril de 2011

Sem saudades mas com lembranças.

Ao fim de 13 anos a viver na mesma casa, saio. Áquela, não volto mais por certo. Não tenho saudades, nem sinto a falta do espaço ou do que lá deixei. Na verdade, sou uma pessoa um pouco desligada e que me adapto facilmente às novas situações que me são apresentadas. Por assim ser, passei bem de um lado para o outro. Estou num novo canto. Podia ser esta como qualquer outra. Nada me prende à presente, apenas a vontade de estar longe e fora da pressão sentida pelos olhares constantes.
Fui feliz na outra casa. Não feliz com a casa. Era apenas um espaço que desde sempre senti como passageiro. Por isso, nunca me apeguei muito. Por isso, e porque apegar não faz parte de mim. Guardo as recordações boas que lá passei, os momentos felizes que senti e fiz sentir e tento esquecer os maus. Os "sapos" que engoli. Os sorrisos que forcei. Tento esquecer, sim. Mas, infelizmente, nunca se apagam. Mas as recordações boas, mesmo assim, superam as menos boas ou más.
Mudar, dar a volta. Se não for ainda aqui neste canto, será em qualquer outro. O que custa é o começar. Mas depois que percebemos que nos sentimos bem, assim, connosco e só comigo, tudo se torna mais leve, mais saboroso.
Passaram 13 anos. Mas recordo o dia em que entrei com o azeite, o sal e o arroz pela primeira vez naquele meu canto que nunca foi.

8 comentários:

mfc disse...

Leio alguma amargura nesta mudança!
posso dar-te um abraço?!
Então aí vai!

M. disse...

Uma mudança física pode trazer outras mudanças. Ou ajudar. É isso que queres?

:)=)

D. disse...

@ mfc - se transmiti amargura, não era essa a minha ideia. Não sinto amargura pela mudança, pelo contrário, alivio e doçura :). Amargura talvez por danos colaterais! :)) Mas sim, podes enviar um abraço que já foi recebido. Muito obrigada.

@ M. - Pois pode M. sem dúvida. E traz, ou começou já por trazer, felizmente. Pelo menos algumas.

Ana disse...

Nâo são os lugares que nos fazem, somos nós que fazemos os lugares, Quando os deixamos, eles passam a ser apenas lugares vazios de nós. E nós, levamos connosco tudo o que precisamos para tornar nosso um outro lugar.

(ui que me está a dar para divagar...)

Boa sorte nessa mudança:-)

D. disse...

E está muito bem divagado, Ana. É mesmo isso sem dúvida. Obrigada pela força.

mfc disse...

Então ainda bem.
Fico contente.

O Recriador disse...

Como se me avizinha também uma mudança do mesmo género... Eu sou mais ao contrário, mesmo que meu não seja apego-me demasiado às coisas. Sim, é um defeito, mas do mesmo modo que me apego, desapego facilmente.

Opá só uma coisa de apoquenta é mesmo o acto da mudança em si... Xiça que há muita coisa para carregar, e muita também para ir para o lixo.

Boa sorte no e com o novo ninho... ou será reino?

A barata diz que tem... disse...

Força nisso! Deus fecha uma porta, mas abre logo uma janela.